domingo, 6 de setembro de 2009

SUCANEIQRO " R " X SUCANEIRO "L" . QUEM IRÁ VENCER ?


Paraty ano de 1997. A história se repete! Viagem da equipe para Paraty.

            Tranqueiras prontas, alimentação, para não passar fome como em outras viagens, pandeiro reco reco e o tão famoso banjo do amigo sucaneiro metido a astro.
             Partimos e chegamos ao entardecer. Desta vez já sabíamos o alojamento seria em uma escola num bairro antes da cidade.
             Água de poço, sala de telhas francesas com morcegos à noite pra dar e vender. O acesso para escola lembrava a igreja da penha no Rio com uma escadaria em zig e zag com 120 degraus e cinco patamares para que em cada lance da subida, se tomasse fôlego para continuar o martírio. Às vezes preferíamos lanchar na rua a enfrentar a dita cuja. Era duro!
            A escadaria era motivo de peleja entre os sucaneiros. Um relaxado entre eles diz:
_ Puxa vida! Que meleca! Esqueci meu lápis La em cima!
_ Vai buscar!  Disse o chefe.
_ Nem que me pague um mês de diárias! Não sou cabrito!
_ Um quizumbeiro do grupo apimenta:
_ Vai escrever com o dedo? Eu só tenho um lápis! E tu não tem dinheiro pra comprar porque não traz pra rua!
_ Alguém vai dividir um comigo não vai? Todos respondem:
_ Nuuuuuunnnca seu bosta! Se vira!
_ Então ta, vou sem lápis!
O guarda chefe, que não nutria muitas afeições pelo cara adverte:
_ Se tu vai escrever com o dedo com pedaço de pau eu não sei. Quero a produção.
_ Larga meu anjo da guarda R me deixa senão não vai dar certo!
           
            Passados três dias de muita contenda, por causa da distancia das localidades do trabalho e atrasos dos companheiros na volta para o almoço na escola, porque alguns preferiam experimentar todo produto dos alambiques do local, todos estavam num estresse só. Um atentado diz:
_ Ooh Kenni Roger! Um trocadilho para Caninha da roça. Ta pensado que a vida é só mé meu filho?
_ Se fosse, isso aqui seria o paraíso! Respondeu o suca já Trocando as pernas.
O supervisor pergunta:
_ Cadê o R chefe de Tuma?
_ Deve ta lambendo todas por ai! Aposto! Vai nos atrasar! Respondeu o adversário do sumido. Ele estava dando um tempo do álcool e dizia ser crente agora.
De repente la vem  o R  cantarolando:
_ Teeeeempo bom, le le, não volta maaaaaaais. Saudaaaaade é o que o tempo traaaaz.  _Que isso meu! O R ta doidão! Disse um pigmeu com ar de espanto.
Ninguém conseguiu se segurar e a raiva se converteu em gargalhadas descontraídas.   _Vocês podem rir, mais o L não! Tu não me engana com esse ar de puritano não safado! Quero ver se vai aguentar a tentação ate sexta feira! O L incorpora o bispo Quevedo e exorciza:
_Pra traz de mim satã! Vou te resistir!  Vá de retro, de frente , de costas, mas vaite.
            Na quinta feira, um dia antes de voltarmos, o semblante do então dito ex alcoólatra mudara radicalmente e víamos nos seus olhos o brilho do desespero ao ver as goladas que os tentadores davam em sua frente e ofereciam:
_ Vai lamber uma ou não vai L? Alfinetavam.
_ À noite, o então sucaneiro metido a crente, sentado num banco que ficava fora da escola e dele se permitia avistar a paisagem do mar, refletia sobre sua nova vida e num tom aveadado cantarolava:
_ Se as águas do mar da vida.
Quiserem te afogar.
Segura nas maõs de Deus é vaaaaaaai. O perturbado atrapalhou:
_ Vamo lambê uma irmão ! kaa ka ka ka. Debochou.
_ Larga meu anjo da guarda R e aceita a Jesus também! Me deixa!
O L responde:
_ Você não me engana! Tu não é crente nada! É só sair daqui que tu vai se acabar na mardita! O irmão quase chorando clama:
_ R! Pelo amoooor de Deus me esquece! Tu ta sendo usado pelo capeta pra me tirar a paz!
O R se aproxima do irmão que estava de costas e nem o viu, e no ouvido dele grita: _QUEM TÁ COM O CAPETA E TU SAFADO!
O sucaneiro irmao dá um pulinho meio gay  e esbraveja:
_ Ui! Pra traz de mim satã, pra traz de mim!
_ R to ficando nervoso! Não posso perder a calma! SAI DAQUI!
_ Num saio! E quem é que vai me tirar?
O resto do grupo querendo ver o circo pegar fogo atiça:
_ Hii... Acho que o R ta com medo do L! –
_ Dessa bichinha? É ruim heim!
Depois de tanto perturbar o pobre do beato L, o R vira as costas pra sair de perto e recebe um presente:
_POOW! SOCHK! POOW! PÁ! TUM!
Um cruzado de direita no pé do ouvido do R, um murro de esquerda tipo martelada nas costas e outro cruzado na nuca do R, que perdeu as estribeiras e foi parar a cinco metros próximo às panelas de comida estava prontinha para a janta na varanda da escola.
_ Vai derrubar a comida o infeliz! Reclama o cozinheiro empurrando-o de volta ao irmão que armado em punho já o esperava:
_ Vem capeta! Vem capeta!
 O suposto capeta reage rosnando e  quase espumando de raiva:
_ HAAAAAAAAAA, vou te matar desgramado! Vou te matar!
O irmão levou uma gravata e foi puxado pelo R até caírem:
_ BRAM! PLOF! TLUFF!
_Salva! Salva! Salva! Salva a comida cacete! Gritou desesperado o cozinheiro da turma que acabara de colocar a panela de carne na linha de servir e via tudo caindo pelo chão. Tarde demais. Os gladiadores rolavam pelo chão entre panelas de arroz, feijão e muita carne ensopada.
Um bebum gordo feito uma porca tenta separar e cai.
_Cabrum!
O chefe é chamado:
_ Separa aqui Gil! Vai matar o cara! Dizia o bebum. Que caiu, mas não largou os dois. Mas um chega e gruda também. Caiu! Cabrum!
O chefe chega perto da bagunça e o R Bufando pede:
_Canta um hino ai Gil! Canta um hino ai! Até hoje não entendi. Como se cantar fosse fazê-lo desgrudar do pescoço do cara.
           
            Já quase morto e sem fôlego e seu pomo de adão aos frangalhos, Todos resolvem intervir:
_ Pega no braço que eu pego nas pernas e vamos puxar pra ver se desgruda!
Um que não quis se meter porque ficou sem comida, aos risos diz:
_ Joga água! To agarrado igual cachorro!
Puxa pra lá puxa pra cá e finalmente desgrudou.
O sucaneiro irmão dá um ataque de pastor e começa:
_ O que Habita no esconderijo do altíssimo à sombra do onipotente descansará.
_ O que Habita no esconderijo do altíssimo à sombra do onipotente descansará. Repetiu ate não agüentar  a mais.
A turma do deixa disso, que na verdade acabou deixando o pobre irmão quase morrer, pagou pela maldade e ficaram lamentando a comida pelo chão.
O sucaneiro irmão sai da sala depois de quase meia hora e procura uma garrafa desesperado:
_ Cadê, cadê, cadê!
_ O que ta procurando L? Pergunta um do grupo.
_ A garrafa da Coqueiro! Achei! Vibrou com os olhos brilhando.
_ Não vai quebrar isso na cabeça do cara né? Chega de briga! Me dá isso aqui!
_ Não! Olha o que eu vou fazer! Glup, glup, glup, glup... Um barulho refrescante se ouviu:
_ Haaaaaaaaaa! PEQUEI! Desabafou o L.
 A cachaça venceu!

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